Um passo a frente sempre!
Corrida do Boldrini
Serei breve, apesar das lembranças ainda frescas sobre isto.
Pra fazer a São Silvestre do jeito que planejei conforme a última vez, eu tinha que fazer exames e provar a mim mesmo que estava apto.
Ao mesmo tempo que desde 2007 as primeiras fichas e solicitações de patrocínio e apoio foram feitas. E-mail's de inúmeras pessoas, "Q.I", indicações, telefones, celulares, rádios, orkut, msn; eu tinha tudo e sabia de muitos contatos e mandava propostas para conseguir alguma coisa. Consegui montar sozinho uma gestão sobre isso. Argumentos, fotos, imagine as possibilidades...
Daria certo se a cidade onde moro levasse a sério as coisas que os atletas fazem.
Fora a única resposta que eu tive na igreja; do apoio simples, temporário e do encerramento conturbado e ridículo da Hidra NÃO HOUVE RESPOSTA DE MAIS NINGUÉM!
Comecei a ficar revoltado.
Ainda estou revoltadíssimo, só que contra inúmeras coisas. Não quero aceitar tal realidade, que nunca muda! Queriam me obrigar a engolir sapos, aturar pessoas, ser mais um manipulado.
Desculpe. Minha barriga não é brejo; não vou aturar pessoas que nunca mais vou ver e não serei escravo de ninguém!
Por isso que corri com o ferro!
Para provar que eu era forte o suficiente de uma vez; que o que eu quero é nada mais nada menos que viver no esporte e do esporte; ter o que muitos atletas com os mesmos argumentos que eu dei tem hoje! Que a constituição e os 10 mandamentos, decorados por muita gente; referente a eqüidade NÃO ESTAVA FUNCIONANDO NO BRASIL!
Correr com o ferro foi um grito desesperado de um garoto negro atleta morador de favela ex vendedor de doces no farol, que usava o treinamento incompleto de quartel na esperança de baixar tempo e ritmo, e que foi obrigado a expor o treinamento porque como pedia ajuda e orientação para as pessoas e foi largado, ignorado; era a única forma de chamar a atenção! Porque esperar era uma resposta constante para as pessoas com quem eu conversava pudessem me despachar rapidamente!
[Vai ver não tinha nada a oferecer, portanto não tinha valor nenhum. Anos depois aprendi que eu e os companheiros são obrigados a vencer se quiserem ganhar BOM DIA! Quando vencemos, só ganhamos um "tapa nas costas". Se não vencemos nem BOM DIA recebemos. É este o esporte brasileiro]?
Não dá pra esperar mais! E de tanto esperar fiquei cheio de lesões, que pra me livrar delas foi um tormento!
Não posso fazer nada se você, leitor, não acredita nisso.
Foi difícil? NÃO!
Eu já passei de 16km correndo com isso nas mãos. Estava projetando correr 20km, otimizando o parque ecológico inteiro. Correr 10km foi moleza.
Mas o que foi difícil foi correr com isso em público.
Foi a vergonha.
Como lidar com a reação das pessoas cheias de preconceito? Era a minha primeira vez correndo com aquilo e a primeira vez que o povo veria isso. [A corrida antes era feita no largo Santa Cruz, no Cambuí. Um ano antes se encerrava no largo do Rosário. O projeto era correr na Corpore do Iguatemi, porque eu já conhecia o evento e havia criado e mandado um projeto a eles por e-mail. Não deu certo porque a Corpore não quis mais fazer eventos no Iguatemi, portanto escolhi a corrida do Boldrini como início].
As mesmas "mãnhas" que usei naquele dia uso em todas as corridas até hoje (inclusive a Maratona do Rio - clique aqui). Ouvi música, enfim. De boa.
No fim todo mundo me olhava, na chegada. Na dispersão da multidão, não.
Repare. Pode ver que eu passeava pelas pessoas pois não conhecia ninguém. Até hoje me lembro das falas, pessoas, conversas, premiação e tudo mais. A hora passou e o evento acabou.
No fim das contas, quando todos já foram embora, apareceu o proprietário da agência que fez a corrida, que é o organizador de corridas. Me deu seu cartão e quis uma conversa.
O que ele fez depois foi me dar inscrições em algumas provas; não todas.
E com isso fui aprendendo mais coisas.
Não consegui o que achei que teria; mas uma inscrição já ajuda. Na época a inscrição mais cara de Campinas era $50 e era a corrida do SeoRosa, e a São Silvestre $75
Até hoje tenho o cartão dele em algum lugar das minhas coisas.
Como prometi na primeira frase, Não deu pra ser breve desta vez.
Isso é tudo.
Grato pela atenção.