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K21 SÉRIES em SERRA NEGRA - VITÓRIA ABSOLUTA

8 anos!

 

De dor e revolta! 

Poucas alegrias. 

Mas hoje... É DIFERENTE!

 

PRIMEIRO COLOCADO GERAL!

Esta era a mensagem original que ficou por 4 anos. Hoje, 28/09/2018 as 17:36, 4 anos após o primeiro troféu de campeão da minha vida como atleta, decido reeditar o texto inteiro e inserir mais detalhes. Uma segunda parte e Ao final, um encerramento.

 

Tudo começa com o convite para fazer o K21 em Serra Negra, após a grande vitória no K42 de Ubatuba, não sabia deste potencial e estava ansioso para saber mais. Era impossível eu imaginar que estava tão bom assim e estava valendo a pena arriscar atitudes mais audaciosas dentro da corrida de montanha. Nos grupos do facebook já aconteciam polêmicas e com muitas delas eu soube conversar com as pessoas a respeito. Em vez de fazer a corrida Integração daqui (Campinas) o Décio perguntou sobre o K21 e aceitei. Até aí, nada de mais. 

Não senti nada de diferente, o céu mais ou menos claro, ar mais ou menos pesado. Apenas achei que seria um bom evento, já vendo a estrutura do Patagônias, organizadora. 

 

05h30 então, do sábado, me encontro no estádio do Guarani com amigos da D-Run e de carona seguimos pra Serra Negra. Não lembro os nomes deles nem as roupas, mas eram boas pessoas. 

 

Ao chegar lá, com os problemas com o nervosismo e ansiedade, tento "desbaratinar", disfarçar, qualquer coisa pra anemizar os efeitos negativos. Não deu muito certo, e fui insistindo; passeando aleatoriamente pelo evento até que me posicionei na linha de largada. 

 

Não lembro de ter recitado o Salmo 2:8-12 no início. Cumprimentos dos companheiros e concorrentes ao lado, e deu a largada. Dessa parte não lembro muito e não demorou muito para que eu ficasse logo nas primeiras posições. 

 

Lá para os km 4 e 7 se não me engano havia um homem de cerca de 40 - 45 anos, careca, que ficou "na minha cola" o tempo todo. Contudo, num barranco, usando os braços pra subir numa corda que tinha lánão aguentou e perdeu posições, e eu sumi.

 

O que me recordo é que fiquei muito tempo sozinho, correndo, sem ninguém próximo. Olhava para os lados toda hora apreciando a paisagem e os cafézais. Estive num conforto até agora aceitável. Sempre havia alguém nos rádios dando minha localização nos pontos previstos do percurso. Até então fui de boa. Não havia placas de quilometragem nem os "staff's" sabiam onde eles mesmos estavam.

 

Um erro que considero, aparece até em algumas filmagens, é que nas duas vezes que quem sei lá eu estava filmando e tirando fotos; tentou "colher" um depoimento meu durante o percurso; tive que ignorar e continuar em frente pois não sabia quem e onde estava o segundo colocado; o foco era total e não poderia perder meu tempo. Desculpe estas duas pessoas mas não ficaria conversando. Deviam saber, já que se trata de um atleta de elite em esforço constante, não se pode fazer nem tentar certas perguntas. Mas como um profissional desses espera que eu pare e fale do evento? Aí perco a posição, e aí? Pelo quê? Prefiro dar detalhes ao final! Enfim. 

 

Até o alto do pico mais alto de Serra Negra, nas antenas, estava tudo controlado, tomei os repositores e dei um depoimento rápido, como consta em um dos vídeos. Segui na descida do morro abaixo e me controlando sempre. Encontro o pessoal terminando os 10km previstos do evento, no mesmo caminho que o meu. Pensei: "se o segundo colocado imaginar que estou nessa muvuca ele pode desanimar e reduzir velocidade; preciso manter a minha e garantir o pódio". Estava próximo. Ainda tinha um longo caminho.

Porém ocorreu um .... incidente. E muito sério. Estou nervoso no momento, vou tentar relaxar um pouco. 

Pausando  5 minutos, retorno.
          O incidente chama-se "Jackson Senigália", havia vencido 50km numa prova uma semana antes, e no meio da muvuca ele do nada apareceu por trás de mim, não lembro se neste momento ele deduziu que eu era o primeiro colocado ou se alguém avisou ou se eu mesmo olhei para trás como se fosse avisado por alguém do além. Na mesma hora disparei descida abaixo até meus pés doerem. Todos os metatarsos doíam muito dos choques no chão ladeira abaixo.

          Ouvi o som do locutor de longe, e havia uma curva pra direita, outra pra esquerda e uma subida muito ruim forte e bastante inclinada. E esse cara, não lembro exatamente onde;  me passou. 

 

          O desespero foi..... desesperador. Chamei por Deus do fundo da minha alma por causa disso tudo. Maratona do Rio, Maratona de São Paulo, Formatura de 2013, as escolas; enfim todas as causas naquele dia comecei a me lembrar delas e por causa do contexto da conquista delas eu queria muito poder vencer naquele evento. E não dava; aquele cara se afastava cada vez mais de mim e o som do locutor do evento cada vez mais alto. 
          Já não sabia o que fazer,não raciocinava direito. E por um momento, consegui manter a calma, respirar fundo e tentar manter o controle corporal do pouco que restava e acreditar que eu passaria o concorrente. E eu acreditei.

          Não me recordo, mas um passo de cada vez, fui me aproximando, cada vez mais, e eu o passei. Ainda tinha que dar um espaço considerado grande, pois ele poderia dar um "sprint final" e tentar me alcançar. Nessa hora começou uma descida e a areia era fofa, escondida por folhagens secas das podas de café que alguém fez recentemente e deixou no caminho. Aumentando eu a amplitude da perna, forçando na descida, e distanciando dele, fui terminando o trajeto abaixo. 

               Havia uma curva, e antes dela eu caí. O estojo com o MP3 dentro caiu, peguei rapidamente e saí desesperadamente do chão; olhei para trás e não vi sinal do concorrente. 

          Correndo mais um pouco, saindo do cafezal, dou de cara com a fazenda, as pessoas, placas, carros, num vale. Era o final. Uma curva para a esquerda e outra para a direita. Vejo uma criança passando por mim e só fui descobrir que era a filhinha do Jackson. Olhei para trás de novo não me recordando de fazer isso, chego perto do pórtico de chegada, levanto os braços e finalizo o trajeto.

Nunca tinha me Ajoelhado e fechado os olhos numa chegada, além da tamanha dor e cansaço. Só existe uma foto apenas, de várias horas de busca pela internet. Não há vídeos. Só esta.

         Nas fotos aparece a entrevista que nunca vi a gravação. Eu falava "coisa com coisa" porque estava num auge muito grande de nervosismo extremo. Pior do que ocorreu na Casa Cor de 2009, no 6k do Rio, das 5 milhas de Joaquim Egídio de 2012, pior até que nas duas maratonas que fiz com o ferro. 

          Sentei, descansei, o corpo todo doía. Comi 4 bananas, 5 pratos de macarrão, 3 garrafas de isotônico e não lembro mais o quê. Comi muito. Tentei descansar. 

          Esperei a premiação. Fiquei muito ruim, mas estava feliz. Ela veio, fui premiado e com muitas dores e mau andando, fui para casa. Dias depois levei os trofeus (junto com o do K21 Diamante) para a assessoria tirar as fotos. 

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Hoje, 28/09/2018,  18:20 ; 4 anos após o primeiro troféu de campeão da minha vida como atleta, decido reeditar o texto inteiro com o encerramento.


          Outras "batalhas" vieram, mais complexas e "pesadas" do que esta. Numa delas arrisquei minha vida e por muitas vezes repensei o lado do atleta e o recurso que o mesmo tem neste país.

Descobri que outros participantes tiveram sorte ou chance maior profissionalmente onde eles foram. Perdi um concorrente e amigo num acidente de moto, nosso encontro foi no K42 do ano seguinte, e eu peguei em décimo colocado. Fiquei triste por ele e sua família. Também vieram muitas perdas de outros companheiros. 


          Nestes 4 anos que se passaram após a primeira vitória, me lembro que a Mirlene, vencedora feminina, disse que tudo, pra mim iria melhorar pois agora sim com o troféu de campeão não havia mais questionamentos sobre toda minha capacidade em geral, e agora como formado na área que atuo. Acreditei fielmente que isso ocorreria.

          Não foi isso que eu vi.

          Em pouco tempo Houve tentativas de corromper minha imagem como atleta, novamente, para que meu progresso não ocorresse e de certa forma para estas pessoas que nunca vi, deu certo. Reencontrei pessoas que me prejudicaram anteriormente, fora do ramo esportivo, e logo me afastei delas para não passar pelos mesmos problemas novamente. 

          No bairro onde moro as ofertas para entrar na vida errada e no mundo das drogas voltaram a ocorrer um ano depois da vitória. O fato de eu ter concluído o ensino médio não é aceito por algumas moradoras cujos filhos foram mortos por causa da vida que levavam. Na "malandragem". Que dirá eu dizer que sou pós graduado. Ainda hpa quem espera que eu um dia façam e tenha o mesmo destino que o deles. Em muitos momentos o conflito era na minha própria mente. Uma tentativa de abrir o próprio negócio perto de casa também não deu certo. Em grupos distintos aqui e na capital A escolha por preparadores físicos para seus grupos de treinamento ou acordos era feita pela aparência e na maior parte dos casos tal pessoa não era formada nem praticante da modalidade. Embora muitas denúncias eram feitas no CREF4. 

 

         Das causas que comento onde superei estas dificuldades baseado nestes dias vividos, encontrei no esporte pessoas amigos de amigos próximas afirmando de maneira agressiva que este meu ponto de vista era deturpado demais para ser aceito pela maioria; ou que era fantasia demais para ter ocorrido com uma pessoa só, desmerecendo tudo o que conquistei com argumentos falsos; mesmo eu comentando, no esporte por exemplo, que as condições para todos os atletas deveria melhorar. Estas pessoas se comportam de maneira estranha na minha frente, mas na dos demais, de maneira normal. Eu deveria aceitar as condições que elas me propuzeram, como se eu fosse escravo e sem direito a queixa ou qualquer argumentação, aceitando a situação ruim do momento. Ao passo que para outras pessoas, de outras "raças" ou condições financeiras melhores, o tratamento era (e é) totalmente diferente. 


         Em paralelo o que deveria acontecer e não aconteceu, os grupos no facebook Amantes da Corrida, Correr e Viver, o de bikers Pedal Br/ Americana Bike Clube, Bikers Rio Pardo, a Anjos Assessoria (Bravus Race) a pós graduação, a entrevista com a Marynêz na rádio, o tão desejado Spartan Race e a participação na Tocha Olímpica e demais grupos anteriores e recentes (Bernô, BoraTrilhar, Caçadores de Atletas) e também o SpartanCast onde tive aprendizado sobre autoempoderamento meditação e vários controles; me fizeram confirmar e acreditar; em tempo; que persistir onde eu estava nas idéias de melhorias pessoal e profissional era muito maior que o preconceito alheio que ocorrera nos meses posteriores a vitoria naquele dia 27/09/2014.
         Por hora eu sigo pensativo sobre meu futuro no esporte. Ainda dependo so SUS para algumas coisas; a renda não é boa e algumas coisas são incertas. A liberdade que Deus me deu é a que mais prezo e não aceitarei viver de joelhos, caso eu sinta que isso possa ocorrer. Lutarei sempre que for preciso e no que a nação me chamar para representá-a no exterior EU ESTAREI PRESENTE! 

         Houve uma luta severa contra o nervosismo, ansiedade, e demais fatores antes das provas, que nunca me ensinaram. O desperdício de energias por causa de contrações musculares era inevitável e a difernça, hoje, é gritante. Não mais ajo como fanático, aumentando intensidade para ser visto ou requisitado. A consciência expandiu demais e continuará assim. A meditação ajudou totalmente e só o que preciso hoje é manter o foco no que é o correto e manter o potencial pois já o tenho e sei que sou forte, porque antes não sabia. Corri riscos de vida desnecessariamente. O complexo de lutas no esporte X favela X cidade X escola X local de treinamento  era e ainda é alto demais e nem todos que compreendem ou vivem nestes locais tem a idéia do que passei. E não desejo passar novamente por certas coisas.


         Rejeito algumas condições e conselhos que não me agradarem se ficar entendido que a cor da pele é o instrumento de processo seletivo. Rejeitarei da mesma intensidade que eu ignorava os convites pra vida errada, JÁ FORMADO; também não farei muitos argumentos com pessoas que demonstram preguiça para ler. Ou que não entendem o termo "linha do tempo", "histórico", porque além de compreender como tudo começou, prezo muito por estes atos positivos passados e numa época como aquela só consegui lidar com o que veio e nem tudo foi de bom grado, a argumentar com aqueles que pensam que vida esportiva ou vida de morador de periferia é fácil. Ou se associarem minha vida passada baseada na dela e argumentar desmerecimento pelo que me ocorreu a partir disso. Se direitos iguais é constitucional, ainda não vi. Ainda há grupos, pessoas, crianças e adolescentes mantendo suas esperanças em mim; pois estas acreditam que tudo é possível. Até mesmo um jovem homem negro morador de periferia sobrevivendo de maneira desumana dando a "volta por cima".


         O ano de 2014 foi agitado e intenso, pelo número de transformações que passei. Me Formei, enfrentei uma maratona de montanha pela primeira vez e chego em quarto colocado, venço pela primeira vez 21km o trajeto mais difícil da etapa, faço uma maratona com 10 quilos a mais, dou entrada num processo para iniciar minha pós graduação numa universidade federal, baixo o tempo melhor que todos os anos na São Silvestre e ainda participo da primeira corrida de obstáculo que conheci (já havia outra) em alusão aquela que eu mais almejo (Spartan Race em Dallas, Texas, EUA) fora outros desafios e encontros não lembrados no momento. 


         Se Deus não esteve comigo este tempo todo, quem esteve?

         Vai funcionar.

         Seguirei adiante.

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